domingo, 7 de janeiro de 2007

Sexta-feira, 10 de Junho de 1988 - 1.º Dia


De Lisboa a Málaga

Partida de Lisboa por volta do meio-dia, debaixo de um tempo incerto a prometer chuva. Primeira paragem em Vendas Novas, para ingerir uma espécie de almoço. Nova paragem em Serpa, onde os intrépidos exploradores alarvaram umas sandocas (aqui a Nita havia de rir a bandeiras despregadas...) de presunto e... margarina. A intrépida exploradora não comeu nada e foi o que Ihe valeu, porque foi poupada à forle indisposição que atacou os senhores.

Passagem da fronleira pouco depois das cinco, breve paragem para fazer aquilo que faz qualquer bom português mal se apanha em lerras de Castela – comprar caramelos. Suponho ser esta uma manifestação da mais pura lusitanidade...

Sem mais inlerrupções, fomos até Sevilha, onde se parou para beber uma cerveja e, ¿como no?, para que eu pudesse comprar a iHola!, que chega sempre a Portugal com duas semanas de atraso. Imagine-se o que seria faltar-me esse pitéu!... Impensável, claro. 0 escárnio de que a minha compra foi alvo por parte do Carlos escorreu por mim como água pelas penas de um pato. Beati pauperes spiritu...

Chegada a Málaga lá pela meia-noite, paragem para comer e uma rápida ida ao porto para saber o horário do ferry para Melilla. Grande decepção: o barco, nesta época do ano, partia de Almería (a 200 km), e só no dia seguinte.

A essa hora os intrépidos exploradores estavam com a intrepidez bastanle diminuída, e já só conseguiam pensar em dormir. Assim, não teriam percorrido nem 50 quilómetros quando se decidiu armar barraca, o que é o mesmo que dizer montar a tenda para dormir. O local não era excessivamenle bom nem excessivamente mau, servia razoavelmente os nossos objectivos. Um certo pudor aconselha-me agora a não me alongar em detalhes e a dar por finda a narração, mas o meu arraigado amor pela verdade e pelo rigor histórico obriga-me a confessar que ninguém fez as clássicas abluções nocturnas, e nem sequer a tão necessária lavagem de dentes. É que nao havia nem uma gota de água...

Pelas três horas, mais coisa menos coisa, recolhemo-nos. E suponho que a intrépida exploradora deve ter adormecido antes dos dois companheiros de façanhas, uma vez que não se lembra de ter ouvido ressonadelas. Deus é grande!

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