terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A Última Deriva - V


  Estradas pequenas e desertas levam-nos a Castelo Bom, cercada por terra queimada.



Tudo limpo arranjado,deserto. O Zé confraterniza com o habitante visível. Eu olho com amor estas pedras, ali nascidas e ali humanizadas.


A pedra esculpida em unidades funcionais, a selha, os degraus, o parapeito.
Ao cimo do altar dorme placidamente um belo e inocente Deus. Lembra-me a canção de Crosby, Stills, Nash and Youg  "Our house" (with two cats on the yard...)
Ecologia é também um pneu com flores.

 Finalmente avistamos um humano! Horta, couves mesmo à mão...


 E a lavandaria a dois passos...

Mas, mais uns quilómetros e já chegamos a Castelo Mendo

Onde atentas sentinelas nos esperam. Venderam-me um santinho (produto para as festas da aldeia), uma N. Sr.ª de Fátima travestida de N. Sr.ª de Castelo Mendo que coloquei no tablier do jeepinho e fez um bom (e barato) trabalho de protecção até Lisboa!


 E finalmente um varão, com o ar decidido herdado dos seus ancestrais,que fizeram e defenderam estes castelos. Na realidade um homem simples e directo que nos falou da aldeia, das pessoas,dos campos.

Praça Central. Pelourinho. Nem um café nem uma cerveja no horizonte. Nada é perfeito!


No alto do castelo a igreja. De certeza que à noite tem fantasmas, mas não ficamos para saber embora não fosse mau sítio para acampar.


À volta tudo é ruína e vestígio

Abertura da antiga cisterna. Por sorte não caí! Será outra entrada para  a Atlântida?
Como não sabia por onde andava o Zé resisti a ir lá abaixo investigar.

 Tempo para dar uma voltinha neste imenso dinossauro. Aguentei-me bastante bem, embora deva confessar que ele não era nenhum fórmula 1!

E lá vamos nós na demanda do solar dos Távoras. O Zé consultava mapas e dizia que é já ali, como os negros em África, mas ele foram voltas e reviravoltas por estradas secundárias...

Até que finalmente chegámos a Souro Pires e o que nos esperava era este casarão medievo, cuja fachada de fortaleza foi posteriormente enfeitada com uns sorrisos setecentistas na traça das janelas! Nada de muito inspirador...

Ruas pacatas onde se debulhavam ervilhas

E mais um merecido repouso. Só continuava a faltar a cervejola.


 Castelo Rodrigo.
Já conheceu melhores dias, e também piores, pois ainda me lembro de, há uns anos, o ver completamente destruído.


 E basta de pedras por hoje

Acampar junto ao lago. Ao fundo o jeepinho e o Indiana Alves vociferando comme d'habitude com a sua tenda. Eu, depois de feita a minha 123  já descanso na velha cadeira fétiche que ele guarda para mim desde as campanhas africanas. Arranjou-a e rebitou-a especialmente para esta viagem. Como se vê com carinho, engenho e arte! Do encosto já só resta metade e no assento, para evitar maiores males, tive que substituir o rebite tipo fujão pelo nó tipo górdio.
Curioso é que a cadeira dele estava impecável! Acasos...

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